As imagens de crianças chorando no Mineirão terça, com a
derrota brasileira para a Alemanha, correram o país. Visivelmente, o 7 a 1 abalou
diretamente os garotos e garotas do Brasil. O mesmo ocorreu em outras Copas,
diante do insucesso da Seleção, mas não com tanta força. Perder de goleada é
diferente, dói mais, ainda mais para as crianças, que na sua maioria nem sequer
sabem o que é ser derrotado.
Em
entrevista, a psicanalista e psicóloga infantil Idáira Amoretti fala sobre como
os pais devem reagir ao resultado na conversa com os filhos e dá um puxão de
orelha nos adultos.
Como uma derrota dessas pode atingir as crianças?
A sensação
para as crianças é de humilhação. Porque além de sermos o país sede, somos o
que tem mais títulos. E as crianças estavam com a expectativa, principalmente
as crianças que não viram o Brasil ser campeão ainda, que são as crianças de
2002 para cá. É esse o público que vai ser mais atingido. Pela idade menor e
por nunca ter a oportunidade de comemorar um campeonato. O impacto foi muito
rápido. Foram 30 minutos do primeiro tempo, o que fez com que as crianças não
conseguissem digerir o que estava acontecendo. Acho que vai levar alguns dias
para que consigam digerir.
Por que as
crianças se abalam tanto?
Pela questão
do patriotismo que, no nosso país, infelizmente aparece só nesse momento.
Então, nesse momento que o brasileiro resolve exaltar que ama a sua pátria e
acontece uma situação como essa, é como se jogasse um balde de água fria no seu
patriotismo.
Que dicas você
daria para os pais?
Conversar
seria importante, e colocar que isso é um jogo. Não significa que os jogadores
eram ruins ou que a Seleção era ruim. Ter alguém melhor não significa que você
é ruim. Vamos ter outras Copas, você vai vivenciar outras Copas, as crianças
vão vivenciar outras Copas. Outras histórias serão escritas, nem sempre boas,
nem sempre ruins. Assim é a vida. Acho que é preciso conversar, deixar a
criança falar dos seus sentimentos. O adulto precisa dizer para a criança que
ninguém é infalível, que agora é tocar para frente.
Em que tipo de
reação os pais têm de prestar atenção nos próximos dias?
Provavelmente,
haverá dificuldade de sono, perda de apetite e uma tristeza visível. Os pais
devem acompanhar, estar sempre por perto. Os pais devem mudar o clima depois de
conversar sobre o assunto. Começar a conversar sobre as coisas da vida, voltar
à rotina, planejar as férias de julho. Depois de conversar e expor os
sentimentos, é tocar a vida pra frente. Não ficar mais alimentando e dando
importância a algo que no dia a dia não vai mudar a vida de ninguém.
FONTE: ZH
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