Em um estudo preliminar para aprender sobre as ainda misteriosas, porém
promissoras, células de tecido adiposo marrom, pesquisadores demonstraram que a
exposição à temperatura ambiente fria pode ajudar a criá-las, possivelmente
melhorando o metabolismo.
O estudo foi liderado
pelo endocrinologista Paul Lee, do Instituto Garvan de Pesquisa Médica de
Sidney, cujo estudo anterior indicou que o tecido adiposo marrom, presente em
pessoas magras, é uma peça-chave no metabolismo, pois gera calor.
— O interesse pelo
tecido adiposo marrom aumentou ao longo dos últimos anos, pois sua natureza de
queima de energia faz dele uma arma terapêutica contra a obesidade e o diabetes
— disse Lee sobre seu estudo anterior publicado no periódico Cell Metabolism, o
qual indica que calafrios e exercícios podem converter gordura branca em
gordura marrom.
O novo estudo, chamado
de "O Impacto da Exposição Crônica ao Frio em Humanos", realizado no
Instituto de Saúde Nacional (NIH) de Washington DC, trabalhou com cinco homens
saudáveis durante quatro meses.Durante o estudo, eles viveram em salas
climatizadas com temperaturas variadas no Centro Clínico do NIH em Washington
DC, embora tenham mantido suas rotinas normais durante o dia.
Ao final de cada mês,
os pesquisadores realizaram "avaliações metabólicas térmicas" nos
participantes. Além de biópsia de músculo e gordura, eles passaram por
ultrassonografia estimulada pelo frio para medir a quantidade de tecido adiposo
marrom no corpo, que aumentou durante o mês de baixas temperaturas, no qual os
participantes viveram por pelo menos 10 horas.
Durante o primeiro mês,
os pesquisadores ajustaram a temperatura dos quartos dos participantes em 24
graus; no mês seguinte foram para 19 graus; no terceiro mês, de novo para 24; e
no quarto e último mês para 27 graus.
O corpo não precisa
produzir calor com 24 graus, considerado uma temperatura
"termoneutra" em linguagem científica, por isso a análise conduzida
no fim do primeiro e do último mês, nos quais os participantes viveram sob essa
temperatura, representa o patamar básico.
— O grande mistério,
até a realização desse estudo, era se podíamos ou não manipular de fato o
tecido adiposo marrom para crescer ou encolher em humanos. Descobrimos que durante o mês frio o tecido adiposo marrom aumentou
entre 30 e 40% — disse o dr. Lee.
As descobertas do
especialista indicam que não aumentar o termostato durante os meses de inverno
pode ter um papel importante no combate à obesidade.
— Durante o segundo mês
termoneutro com 24 graus, o tecido adiposo marrom recuou, voltando ao patamar
básico — disse Lee.
Sua pesquisa endossa
outro recente estudo que explora os efeitos da temperatura ambiente na saúde e
manutenção do peso. O estudo holandês publicado no periódico Science &
Society, indica que exposição frequente e prolongada ao frio mobiliza gordura
marrom, provocando queima de calorias até cinco vezes maior que a taxa média de
metabolismo em repouso.
O estudo do professor
Lee indica que o frio realmente cria as células, e não apenas ativa suas
capacidades de gerar calor. A pesquisa foi apresentada no encontro da Sociedade
Internacional de Endocrinologia em Chicago, e publicada no periódico Diabetes.
FONTE: Science & Society
Nota do NEFROADVEN:
Alguns estudos apontam que o frio
aumenta a atividade do sistema imunológico. Agora, a gordura marrom (gordura
boa) parece aumentar com o clima frio. Será que vamos ter que jogar fora nossos
chuveiros elétricos e fechar nossas saunas ou nos mudar de Belém do Pará?
Mário Lobato
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