Um tribunal belga deve decidir na
segunda-feira se aceita o pedido de eutanásia de um homem que está há 30 anos
preso em uma instituição psiquiátrica por vários estupros e o assassinato de
uma jovem de 19 anos.
"Sou um monstro", afirmou
Frank Van Den Bleeken ao juiz que recebeu sua terceira petição de morte
assistida, em outubro de 2013.
Aos 50 anos, o homem, cujos crimes
foram atribuídos a um problema psiquiátrico, afirma que não tem cura e que, se
algum dia for libertado, voltará a estuprar "com certeza e com
rapidez".
Seu advogado, Jos Van Der Velpen,
pediu que ele fosse transferido para um centro especializado na Holanda, onde
poderia receber tratamento adequado, indisponível no centro belga de detenção
psiquiátrica de Merksplas, onde se encontra atualmente.
Ante a negativa da Justiça, a única
solução restante, na opinião do criminoso, é a eutanásia.
"Ele não quer sair da prisão.
Mas não pode continuar sofrendo de uma maneira constante até o fim de sua
vida", argumentou o advogado.
Polêmica
A eutanásia é autorizada na Bélgica
desde 2002, para os adultos, e desde fevereiro passado, para as crianças.
Cada pedido é analisado por um painel
de especialistas que deve comprovar que o solicitante padece de alguma doença
incurável ou de um sofrimento físico ou psicológico constante e insuportável.
Até hoje foram registrados 52 casos
de morte assistida em virtude de sofrimento psicológico.
Dois deles, aprovados em um intervalo
de nove meses, causaram polêmica no ano passado: um transexual que decidiu
tirar a própria vida após uma série de operações para mudança de sexo
fracassadas e dois irmãos gêmeos surdos que descobriram que iriam ficar cegos
em consequência de uma doença genética e, portanto, temiam não poder viver de
maneira independente.
Pena de morte
No caso de Van Den Bleeken, como se
trata de um preso, a decisão caberá à Justiça belga, com base na opinião de
médicos e psiquiatras independentes.
Micheline Roelandt, um dos
psiquiatras consultados, deu um parecer favorável, ao contrário de Wim
Distelmans, quem acredita que o sofrimento do estuprador não está relacionado a
problemas psicológicos, mas sim a suas condições de detenção.
O sistema carcerário belga foi
denunciado repetidas vezes pelo Conselho Europeu de direitos humanos pela falta
de instalações psiquiátricas adequadas e pela superpopulação.
Distelmans defende que a situação de
Van Den Bleeken poderia melhorar se ele fosse transferido para um centro
holandês especializado, como havia pedido seu advogado.
Para Fernand Keuleneer, antigo membro
da comissão de controle da eutanásia, tanto a morte assistida como a
transferência do prisioneiro criariam precedentes perigosos no país.
"(A primeira opção) seria a pena
de morte voluntária. E depois começaríamos a ver presos pedindo para ser
extraditados para países quentes", disse durante o processo.
Se a eutanásia for aprovada para Van
Den Bleeken, ele será o segundo preso morto dessa maneira na Bélgica.
O primeiro caso foi registrado em
setembro passado, mas o homem, cuja identidade é mantida em segredo, estava
gravemente doente.
Desde então, ao menos outros cinco
detidos já entraram com um pedido similar, segundo informações do Senado belga.
FONTE: BBC
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