Um gene notoriamente vinculado ao câncer de mama tem sido apontado
também como responsável por um risco quase duas vezes maior de um fumante vir a
desenvolver câncer de pulmão, alertou um estudo publicado neste domingo.
A descoberta, publicada
na revista Nature Genetics, abre possibilidades para o tratamento e a triagem
dos indivíduos em risco de desenvolver a doença, afirmaram os autores.
"Nossas descobertas fornecem evidências adicionais de suscetibilidade
genética hereditária ao câncer de pulmão", escreveram.
— Todos os fumantes
correm um risco considerável de saúde, independente de seu perfil genético, mas
a probabilidade recai mais fortemente naqueles com esta falha genética —
pontuou Paul Workman, vice-diretor executivo do Instituto de Pesquisas sobre o
Câncer (ICR), que participou do estudo.
Uma meta-análise com
base em quatro estudos revelou que cerca de um quarto dos fumantes com falha
específica no gene BRCA2 vão desenvolver câncer de pulmão em algum momento da
vida, em comparação com 13% da população em geral de fumantes. A análise
comparou o DNA de 11.348 pessoas com câncer de pulmão e de outras 15.861 sem a
doença.
"O vínculo entre o
câncer de pulmão e o BRCA2 defeituoso, conhecido por aumentar o risco de câncer
de mama, ovários e outros, foi particularmente forte em pacientes com o subtipo
mais comum de câncer de pulmão, denominado carcinoma de células
escamosas", destacou o ICR em um comunicado.
Vínculo
genético mais forte
Outros genes já tinham
sido relacionados ao risco de câncer de pulmão antes, mas o papel do BRCA2 era
desconhecido.
A variante defeituosa,
presente em 2% da população, "é a mais forte associação genética com o
câncer de pulmão já reportada", afirmaram os autores do estudo.
"Os resultados
sugerem que, no futuro, pacientes com câncer de pulmão de células escamosas
poderiam se beneficiar de medicamentos especificamente projetados para serem
eficazes em cânceres com mutações no BRCA", informou o ICR.
"Uma família de
medicamentos, chamada de inibidores de PARP, tem demonstrado sucesso em testes
clínicos no tratamento de pacientes com câncer de mama e ovário com mutações no
BRCA, embora não se saiba ainda se poderia ser eficaz no câncer de
pulmão", prosseguiu.
Os genes BRCA1 e BRCA2
(siglas para BReast CAncer susceptibility ou suscetibilidade ao câncer de mama)
são a causa mais conhecida de câncer de mama hereditário. No ano passado, a
atriz Angelina Jolie anunciou ter feito dupla mastectomia como medida
preventiva após ter se submetido a exames que revelaram que ela tem a mutação
BRCA específica, apesar de não ter sido diagnosticada com câncer.
A principal causa do
câncer de pulmão é o tabagismo, embora se saiba que fatores genéticos aumentam
o risco.
Segundo a Agência
Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, o câncer de pulmão é a causa mais
comum de morte por câncer e se estima que tenha sido responsável por quase uma
em cada cinco mortes (1,59 milhão) em 2012. Também é o tipo mais comum de
câncer, com uma estimativa de 1,8 milhão de novos casos em 2012.
— Nós sabemos que a
maior coisa que podemos fazer para reduzir as taxas de morte é convencer as
pessoas a não fumar, e nossas descobertas deixam claro que isto é ainda mais
crítico nas pessoas que têm um risco genético subjacente — declarou o cientista
que chefiou as pesquisas, Richard Houlston.
FONTE: ZH
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