Tecnologia possibilita que médicos detectem
agente causador dentro de duas horas e reduza o uso desnecessário de
antibióticos
RIO - Um novo exame de sangue, realizado
dentro de duas horas, pode ajudar os médicos a detectarem se uma infecção é
causada por uma bactéria ou por um vírus. O resultado, publicado na revista
“Plos One”, pode fazer com que pacientes que estão sendo tratados com
antibióticos parem de tomá-los quando eles não são necessários, dizem os
cientistas. Apesar de ainda estar em estágio de laboratório, a equipe de
cientistas de alguns centros médicos em Israel, em colaboração com a empresa
Memed, já está trabalhando também em um dispositivo portátil, e novos estudos
estão sendo realizados.
Analisando amostras de sangue de mais de 1000
pacientes que estavam com suspeita de infecção, eles descobriram que podiam
detectar corretamente um vírus ou uma infecção bacteriana, na maioria dos
casos. A tecnologia se utiliza do fato de que a bactéria e o vírus desencadeiam
diferentes vias no sistema imunológico. Ao realizar o rastreio extenso de
proteínas do sistema imunológico em pacientes com infecções agudas, o grupo
identificou três proteínas solúveis que são ativadas exclusivamente por
bactérias ou por vírus. Eles, então, desenvolveram algoritmos patenteados que
integram essas proteínas, para produzir uma assinatura imunológica que
identifica com precisão a causa da infecção.
“O teste é preciso. Para a maioria dos pacientes nós
pudemos dizer se a infecção foi causada por uma bactéria ou por um vírus dentro
de duas horas”, afirmou Eran Eden, da Memed. “Não é perfeito e não substitui o
julgamento de um médico, mas é melhor do que muitos dos testes de rotina
utilizados na prática hoje.”
Segundo especialistas, os médicos enfrentam uma série de
desafios para decifrar o que é responsável por uma infecção e qual seria o
melhor tratamento para enfrentá-la. Os exames de rotina feitos para verificar a
identidade definitiva do causador pode levar dias. Em muitos casos, o processo
envolve pegar um amostra e tentar crescer o organismo em um laboratório.
A pesquisa coloca, ainda, que testes de partículas no sangue
também podem ajudar a dar pistas, mas alguns organismos são criados tanto em
infecções bacterianas quanto virais, no câncer e no trauma também. Assim,
muitas vezes, como afirmam os pesquisadores, os antibióticos - que só funcionam
em bactérias - são usados em excesso. Por outro lado, alguns pacientes que precisam
tomar o remédio não o fazem cedo o suficiente.
“O trabalho aborda um problema realmente sério. Ser capaz de
identificar uma possível infecção logo no início e, em seguida, ser capaz de
diferenciar entre uma possível causa viral ou bacteriana, é importante”,
colocou o professor Jonathan Ball, um especialista em vírus da Universidade de
Nottingham. “Isso vai permitir a intervenção clínica informada e minimizar a
necessidade de uso inadequado de antibióticos, por exemplo, com alguém
infectado por um vírus. Vai ser importante ver como ele se comporta no longo
prazo.”
FONTE: O GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário