Informações
do governo da Nigéria revelam que, nos últimos meses, cerca de 900 mil pessoas
deixaram seus lares por conta do medo de novos ataques do Boko Haram, o grupo
radical islâmico que vem aterrorizando o país.
Liderados
por Abubakar Shekau, um dos terroristas mais procurados pelos EUA, os
militantes do Boko Haram têm espalhado terror pela região nordeste do país e
são conhecidos pela crueldade de seus ataques.
No
início do ano, por exemplo, o grupo varreu a região da cidade de Baga. Muito
bem armados, dispararam contra a população local, queimaram edifícios e
sequstraram dezenas de mulheres.
Estima-se
que este triste episódio, que devastou 16 vilarejos, tenha deixado cerca de
dois mil mortos. Dias depois, os militantes ultrapassaram as fronteiras da Nigéria
e sequestraram 60 pessoas em Camarões.
As
tentativas de expansão do Boko Haram colocaram o grupo em pauta na Organização
das Nações Unidas (ONU). Nesta semana, a entidade se reuniu com países
centro-africanos para debater planos de ação contra os jihadistas.
O
site da ‘Exame’ reuniu algumas das principais informações sobre o grupo, sua
história e suas ambições. Confira abaixo.
Fundação
De
acordo com analistas do Council on Foreign Relations (CFR), o grupo se formou
nos idos de 2002 em Maidguri, capital do estado de Borno. Na época, era
liderado por um extremista chamado Mohammed Yusuf.
Nome
original
O
nome original do grupo é “Jama’atu Ahlis Sunna Lidda’awati Wal-Jihad” que,
segundo a rede de notícias CNN, significa “pessoas comprometidas em propagar os
ensinamentos do profeta e o jihad”. Ganhou o apelido de “Boko Haram” que pode
ser traduzido como “educação ocidental é pecado.”
Objetivo
A
ideia do Boko Haram é a de consolidar a Nigéria como um país islâmico com a
instalação de tribunais especializados na aplicação da sharia, as leis islâmicas.
Táticas
Segundo
reportagem do jornal britânico ‘The Guardian’, a estratégia do grupo é composta
por três pilares: explosões em cidades de médio e grande porte, ataques por
terra em cidades pequenas e vilarejos rurais e invasões em delegacias e bases
militares.
Meios de financiamento
Ainda
de acordo com o ‘The Guardian’, as principais fontes de renda do grupo são
sequestros e o consequente pagamento de resgates, assaltos a bancos e saques em
delegacias e bases militares para a obtenção de armas.
Caminho para a radicalização
Ainda
segundo o CFR, até 2009, o Boko Haram não organizava levantes violentos contra
o governo da Nigéria.
Ao
longo dos anos, contudo, se tornaram frequentes os confrontos entre cristãos e
muçulmanos, assim como aumentou a brutalidade policial. Enquanto o clima de
violência e insegurança estremecia o país, o nordeste agonizava com a extrema
pobreza.
O
grupo passa então ganhar cada vez mais seguidores e torna-se o especialmente
popular entre estudantes, religiosos e desempregados daquela região. O momento
decisivo veio em 2009, quando militantes se recusaram a obedecer a uma lei que
exigia que motociclistas usassem capacetes.
A
repressão da polícia foi implacável e o episódio virou um sangrento confronto.
Na ocasião, estima o CFR, 800 pessoas morreram. Yusuf, inclusive. Shekau, até
então o número 2 do grupo, passou a assumir a liderança.
Ataques cada vez mais violentos
A
partir da liderança de Shekkau, os ataques do Boko Haram foram se tornando cada
vez mais violentos. Em 2013, 60 estudantes foram mortos enquanto dormiam em uma
escola rural no estado de Yobe, enquanto que dezenas de caminhoneiros foram
decapitados com motosserras.
Em
abril de 2014, um ataque em um terminal de ônibus deixou cem mortos. Dias
depois, invadiram uma escola para meninas e sequestraram mais de 200
estudantes. A maioria delas segue desaparecida e foi por conta deste caso que o
mundo voltou as suas atenções para as atividades do grupo.
Laços com outros grupos terroristas
Nos
últimos anos, analistas relataram que os ataques do Boko Haram e a forma como o
grupo se organiza foram se sofisticando, o que sugere que seus militantes
contam com alguma ajuda externa.
Para
o governo dos Estados Unidos, há indícios de que os militantes nigerianos
tenham laços com braços do Al Qaeda na região (Al Qaeda do Magreb Islâmico e Al
Qaeda na Península Arábica) e também com os somalianos do al-Shabab.
E o que faz o governo da Nigéria?
Segundo
analistas, a Nigéria por muito tempo fechou os olhos para a ameaça representada
pelos extremistas e demorou até tomar atitudes contra o grupo.
Apenas
na semana passada, por exemplo, poucos dias após o sangrento massacre em Baga,
é que o presidente do país Jonathan Goodluck realizou uma visita ao estado de
Borno, o mais atingido pelo Boko Haram. Há dois anos ele não colocava os pés na
região.
O
exército do país, por sua vez, tampouco está conseguindo combater os militantes
com eficácia. E um dos motivos para tanto é o fato de que, após dezenas de
saques feitos em bases militares, o Boko Haram está bem armado.
Fonte: VG e Exame
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