Governo quer impedir que pessoas comprem o mesmo produto duas vezes na
mesma semana. Medida desastrada é paliativa e pune a população
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou na noite desta quarta-feira (20) a instalação de um mecanismo de “controle biométrico” para limitar as compras de produtos e alimentos nos supermercados e mercados públicos e privados do país. “A ordem já está dada, através da superintendência de preços, para que se crie um sistema biométrico em todos os estabelecimentos e redes distribuidoras e comerciais da República”, disse Maduro durante mensagem em rede nacional de rádio e TV. A regulação do consumo nas redes públicas já vinha sendo aplicada sistematicamente na Venezuela desde o início do ano, mas é a primeira vez que o governo Maduro interfere nas redes privadas de supermercados do país. Em 2010, o então presidente Hugo Chávez desapropriou as lojas da cadeia de supermercados Exito, do grupo francês Casino.
Com a escassez crônica, o mercado negro –
mantido por pessoas que estocam produtos básicos para revendê-los – na
Venezuela é uma alternativa aos supermercados estatais vazios, porém limitar o
consumo não é uma medida que ataca a origem do problema: a péssima gestão
econômica do país. Há ainda outra questão problemática na medida anunciada por
Maduro, pois limitar o consumo em redes privadas é um ato ilegal, que interfere
na administração e nos possíveis lucros das empresas. A medida desastrada ainda
penaliza justamente a parte mais afetada pela escassez, a população.
O mecanismo utilizará leitores óticos de
impressões digitais para reconhecer cada comprador de produtos básicos. Segundo
Maduro, “o sistema biométrico será perfeito” e servirá para evitar o que chamou
de “fraude” envolvendo milhões de litros de gasolina e toneladas de alimentos
subsidiados pelo governo, no momento em que a Venezuela enfrenta a falta de
diversos produtos básicos e uma inflação anual que supera os 60%.
“Apenas 2 sabões por pessoa”, diz cartaz de supermercado na capital
Caracas. População relata pelas redes sociais a escassez no país
O sistema visa a impedir que uma pessoa compre
o mesmo produto duas vezes na mesma semana, em qualquer supermercado das redes
governamentais e privadas da Venezuela. Vários funcionários do governo Maduro
indicaram que no prazo de 90 dias haverá um “programa piloto” para iniciar a
venda controlada de produtos básicos no país “de maneira ordenada e justa”.
Maduro também anunciou “um sistema de
referência” que processará a informação de tudo o que for distribuído e
armazenado “para todos os produtos e insumos que movem a economia do país”. O
presidente ordenou ainda o “confisco, de maneira imediata, de todos os
elementos” utilizados para contrabando, incluindo galpões e veículos, que serão
revertidos para os programas estatais de alimentos. Maduro convocou as forças
militares e policiais para deter todos os envolvidos em desvios e contrabando.
O sistema de controle de compras é a mais nova
tentativa paliativa de Maduro para combater a escassez causada pela ingerência
econômica de seu próprio governo. Desde março, as compras na rede estatal de
supermercados – com preços subsidiados – são possíveis apenas dois dias por
semana e com limite de produtos por consumidor. Os venezuelanos interessados
são fichados e recebem senhas, que funcionam em sistema de rodízio. Nas
segundas-feiras podem comprar aqueles com as senhas terminadas em 1 e 2, 3 e 4;
às terças e quartas-feiras são os dias para os finais 5 e 6, 7 e 8. As quintas
e sextas-feiras são reservadas aos consumidores com senhas que terminam em 9 e
0.
A Venezuela atravessou uma violenta onda de
protestos entre fevereiro e final de maio devido à inflação, à falta de
produtos básicos – como papel higiênico, açúcar, farinha ou leite – e à
altíssima violência que provoca em média 65 mortes por dia no país. Os
protestos foram repreendidos e resultaram na morte de mais de 40 pessoas, além
de mais de 700 feridos.
Fonte: Veja e Verdade Gospel
Nota do NEFROADVEN:
Quem acha absurdo a possibilidade do Brasil chegar a este ponto tem a mesma opinião de muitos venezuelanos de cinco anos atrás!
Votemos consciente!
Mário Lobato
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