Levantamento
do CFM avalia gasto per capita em saúde pública das metrópoles do país. Valor
coloca estado do Pará em 25º lugar no ranking dos estados
Um gasto de R$ 0,61 por dia em saúde. Este é
o valor que foi aplicado no Sistema Único de Saúde (SUS), por pessoa, com os
recursos próprios do governo do estado do Pará e os transferidos pela União em
2013. O dado coloca o estado em 25º lugar no ranking de gasto público per
capita em saúde, segundo um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Ao todo, cada paraense custa em média R$ 218,18 ao ano para os cofres públicos.
O valor representa apenas 10% do que os beneficiários de plano de saúde gastam
por ano para ter acesso à assistência suplementar.
A análise do CFM considerou as despesas
apresentadas pelos gestores à Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da
Fazenda, por meio de Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária (RREO). O
montante agrega todas as despesas na chamada “função saúde”, destinada à
cobertura das ações de aperfeiçoamento do SUS. Boa parte desse dinheiro é usada
para o pagamento de funcionários, dentre outras despesas de custeio da máquina
pública.
A comparação mostra que em geral os valores
são insuficientes para melhorar indicadores de saúde em nível local. Neste
estudo, as despesas em saúde foram cruzadas com Índices de Desenvolvimento
Humano (IDH), oferta de leitos para cada grupo de 800 habitantes, taxas de
incidência de tuberculose e dengue, além da cobertura populacional de Agentes
Comunitários de Saúde (ACS) e Equipes de Saúde da Família (ESF).
Ao longo de 2013, o estado do Pará destinou
efetivamente à saúde da população cerca de R$ 1,7 bilhão. Para a Assistência
Hospitalar e Ambulatorial, foram destinados R$ 820,5 milhões, o equivalente a
quase metade dos recursos. O restante foi distribuído entre as ações voltadas
para a Administração Geral (R$ 777,3 milhões), à Atenção Básica (R$ 55
milhões), dentre outras. Além da baixa aplicação dos recursos, a cobertura
populacional de Agentes Comunitários de Saúde (58,3%) está abaixo da média
nacional, hoje de 62,5%. Clique aqui para conferir o ranking dos estados.
Entre os municípios mais populosos do estado,
a média do gasto em saúde por pessoa foi de R$ 436,31 ao ano ou R$ 1,21 ao dia,
incluindo os recursos da prefeitura e os transferidos pelos governos federal e
estadual. Parauapebas é a cidade com o melhor resultado no ranking, com gasto
per capita de R$ 2,04 ao dia. Belém aparece em 3º lugar, com R$ 1,18/dia. Em
cinco das dez maiores cidades do estado o CFM não conseguiu realizar a análise
por falta de informação oficial e transparência nas contas públicas. Confira aqui os gastos das cidades mais populosas do Pará e seus
principais indicadores de saúde.
Saúde não é prioridade – Para o 1º
vice-presidente do CFM, Carlos Vital, os indicadores de saúde e as condições de
trabalho para os médicos nos municípios revelam como os valores gastos estão
abaixo do ideal. “Como podemos ter uma saúde de qualidade para nossos pacientes
e melhor infraestrutura de trabalho para os profissionais do setor com tão
pouco recurso? O pior de tudo isso é que, enquanto Estados e Municípios se
esforçam para aplicar o mínimo previsto em lei, a União deixa de gastar, por
dia, R$ 22 milhões que deveriam ser destinados à saúde pública”, criticou o
presidente ao relembrar um estudo do CFM, no qual aponta que, entre 2001 e
2012, o Ministério da Saúde deixou de aplicar quase R$ 94 bilhões de seu
orçamento previsto.
Além da má qualidade da gestão dos recursos,
que tem impacto direto na assistência da população e na atuação dos
profissionais, os representantes dos médicos acreditam que a saúde pública no
Brasil não é uma prioridade de governo. “Recentemente, um grupo ligado aos
planos de saúde mostrou que cada um dos 50,2 milhões de beneficiários de planos
privados pagou, em média, R$ 179,10 por mês para contar com a cobertura de seu
plano em 2013. Isso representa cerca de R$ 2.150,00 por ano – quase o dobro do
que os governos pagam pelo direito à saúde pública”, ponderou Carlos Vital.
Comparação internacional –Em 2013, as
despesas nos três níveis de gestão (federal, estadual e municipal) atingiram a
cifra de R$ 220,9 bilhões no Brasil. Em média, foram gastos R$ 3,05 ao dia em
saúde, o equivalente a apenas R$ 1.098,75 ao ano. As informações do CFM
dialogam com dados da Organização Mundial da Saúde – OMS (Estatísticas
Sanitárias 2014), que, apesar de diferenças metodológicas, revelou que o
Governo brasileiro tem uma participação aquém das suas necessidades e
possibilidades no financiamento. Do grupo de países com modelos públicos de
atendimento de acesso universal, o Brasil era, em 2011, o que tinha a menor
participação do Estado (União, Estados e Municípios) no financiamento da saúde.
Segundo os cálculos da OMS, enquanto no
Brasil o gasto público em saúde alcançava US$ 512 por pessoa, na Inglaterra,
por exemplo, o investimento público em saúde já era cinco vezes maior: US$
3.031. Em outros países de sistema universal de saúde, a regra é a mesma.
França (US$ 3.813), Alemanha (US$ 3.819), Canadá (US$ 3.982), Espanha (US$ 2.175),
Austrália (US$ 4.052) e até a Argentina (US$ 576) aplicam mais que o Brasil.
FONTE: CFM
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