Pesquisas mostram novos resultados
sobre papel de bactérias.
Composição dos microorganismos
determina a forma com que o corpo funciona e seu mau funcionamento.
Podemos nos ver como apenas
humanos, mas somos na verdade uma massa de microrganismos abrigados numa casca
humana. Cada pessoa viva hospeda cerca de 100 trilhões de células bacterianas.
Elas superam as células humanas em 10 para um, e representam 99,9% dos genes
únicos no corpo. Katrina Ray, editora-sênior da Nature Reviews, sugeriu
recentemente que o imenso número de micróbios nos intestinos poderia ser
considerado "um órgão microbiano humano", e questionou: "Somos
mais micróbios do que humanos?".
Nossa coleção de microbiota
(conhecida como microbioma), é o equivalente humano a um ecossistema ambiental.
Embora as bactérias juntas pesem apenas 1,4 quilo, sua composição determina a
forma com que o corpo funciona ou, infelizmente, o seu mau funcionamento.
Como ecossistemas no mundo todo, o
microbioma humano está perdendo sua diversidade em potencial detrimento da
saúde daqueles que o habitam.
Martin Blaser, especialista em
doenças infecciosas da Escola de Medicina da Universidade de Nova York e
diretor do Human Microbiome Program, vem estudando o papel das bactérias em
doenças há mais de três décadas. Sua pesquisa vai muito além de doenças
infecciosas, abordando condições autoimunes, entre outros problemas que não
param de crescer no mundo todo.
Em seu novo livro, Missing Microbes,
Blaser liga o declínio na variedade dentro do microbioma a uma maior
suscetibilidade do ser humano a diversos problemas, de alergias e doença
celíaca a diabetes tipo 1 e obesidade. Ele e outros culpam principalmente os
antibióticos por essa ligação.
O efeito prejudicial dos
antibióticos sobre a diversidade microbiana começa cedo, afirmou Blaser. A
criança americana média recebe quase três doses de antibióticos nos primeiros
dois anos de vida, e mais oito nos oito anos seguintes. Mesmo uma aplicação
curta de antibióticos, como o popular pacote Z (azitromicina, tomada por cinco
dias), pode resultar em mudanças de longo prazo no ambiente microbiano do
corpo.
Cesarianos desequilibram organismo
Antibióticos não são a única forma
pela qual nosso equilíbrio interno pode ser afetado. Os partos por cesariana,
que aumentaram muito nas últimas décadas, estimulam o crescimento de micróbios
vindos da pele da mãe nos intestinos do bebê.
Essa mudança pode remodelar o
metabolismo e o sistema imunológico de um bebê. Uma recente revisão de 15
estudos envolvendo 163.796 nascimentos descobriu que, frente a bebês nascidos
de parto normal, os nascidos por cesariana tinham uma probabilidade 26% maior
de ter sobrepeso, e 22% maior de se tornar um adulto obeso.
Ainda mais sério é o número
crescente de doenças graves ligadas a uma distorção no equilíbrio microbiano no
intestino humano. Elas incluem males que estão se tornando mais comuns nos
países desenvolvidos: problemas gastrointestinais como a doença de Crohn,
colite ulcerativa e doenças como a celíaca, cardiovascular, do fígado e
digestivas, esclerose múltipla e artrite reumatoide, asma e alergias. Alguns
pesquisadores chegaram a especular que problemas na microbiota intestinal têm
relação até com o desenvolvimento da doença celíaca.
Blaser alerta contra o uso
exagerado de antibióticos, especialmente os medicamentos de amplo espectro hoje
prescritos de forma comum, e particularmente em crianças. Segundo Blaser, é
necessário administrar antibióticos de espectro estreito, desenvolvidos para
derrubar a bactéria patogênica sem afetar aquelas que ajudam a saúde:
— Isso tornará possível tratar
infecções graves com menos efeitos colaterais — afirma.
FONTE: Nature Reviews
O texto devia focar mais nas bactérias
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