CARTA AOS PACIENTES COM
DOENÇA RENAL CRÔNICA DIALÍTICA
Nos últimos 10
anos, o número de pacientes com doença renal crônica cresceu cinco vezes mais
do que a quantidade de clínicas, diminuindo muito a relação entre o número de
vagas e pacientes.
Apenas 7% dos
municípios brasileiros têm unidades de diálise.
Mais de 70% dos
pacientes descobrem a doença renal crônica na sua fase tardia. Muitas vezes,
por falta de vagas nas unidades de diálise, estes pacientes têm que permanecer
hospitalizados, enquanto aguardam sua vaga definitiva na diálise. Esta
internação desnecessária, às vezes longa, gera riscos infecciosos e pode causar
depressão.
Mais de 80% dos
pacientes fazem seu tratamento de diálise pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Contudo, as clínicas de diálise, em sua maioria, não são públicas. Embora
ofereçam um tratamento de alta qualidade para os pacientes do SUS, a situação
das clínicas de diálise hoje é difícil, devido ao baixo valor da remuneração do
procedimento dialítico.
O Ministério da
Saúde não reajusta o valor da sessão de Hemodiálise há cerca de três anos.
Neste mesmo período de tempo, houve uma desvalorização brutal do REAL (quase
todo o material e máquinas utilizadas no tratamento são artigos importados).
Além disto, a carga tributária se elevou, a inflação voltou, as tarifas de energia
elétrica quase dobraram e enfrentamos uma crise da água.
Esta combinação
de aumento de gastos e falta de reajustes nos reembolsos desestimula a abertura
de novas unidades e tem feito algumas clinicas fecharem as portas ou deixarem
de atender pacientes do SUS.
O número de
pacientes em diálise peritoneal (que poderia ser uma excelente alternativa para
os pacientes que residem em locais mais distantes), vem diminuindo. A falta de
estímulo financeiro torna cada vez mais difícil a colocação de novos pacientes
neste método.
A Sociedade
Brasileira de Nefrologia não se calará em denunciar esta situação que necessita
ser mudada.
A comunidade de
pacientes renais crônicos deve estar atenta para estes acontecimentos. A falta de sustentabilidade
econômica das unidades de diálise ameaça o acesso e
a qualidade do tratamento. Cabe a todos lutar para que haja compreensão
destes fatos pelos gestores. Só desta maneira conseguiremos melhorar o acesso
dos pacientes renais crônicos ao tratamento e a qualidade deste.
FONTE: SBN
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