A gordura trans não é necessariamente tão nociva como se pensava: um estudo alemão sugere que baixos níveis de ácidos graxos trans (AGTs) não significam automaticamente maior mortalidade, e que podem até mesmo ser benéficos se ocorrerem de modo natural. Os achados foram publicados na revista “European Heart Journal”.
Para o estudo, pesquisadores da Universidade de
Heidelberg analisaram dados de 3.259 participantes no estudo LURIC
(Ludwigshafen Risk and Cardiovascular Health). Participantes no estudo foram hospitalizados
para receber angiografias coronarianas. Durante um período mediano de
acompanhamento de pouco mais de 10 anos, 30 por cento desses
pacientes morreram. Os pesquisadores analisaram amostras de sangue dos
pacientes para identificar as concentrações totais de AGTs, e também para
distinguir entre as concentrações de AGTs industrialmente produzidos e as que
ocorrem de modo natural.
A proporção de AGTs nas amostras de sangue variaram
de 0,27-2,40 por cento de ácidos graxos totais, com uma média de pouco
menos de um por cento. Outro estudo nos EUA por um período similar relatou uma
média de mais de 2,6 por cento.
“Descobrimos que concentrações maiores de AGTs nas
membranas de hemácias estavam associadas ao LDL ou 'mau' colesterol mais alto,
mas também com IMC mais baixo, níveis mais baixos de gordura no sangue
(triglicérides), menos resistência à insulina e, portanto, menor risco de
diabetes”, disse o autor do estudo Marcus Kleber. Disse ainda: “Também estamos
surpresos de saber que aumentos nas concentrações de AGTs produzidos
industrialmente não foram acompanhados por aumento de mortalidade, contrastando
com observações dos Estados Unidos."
Os pacientes com as mais altas concentrações de
AGTs que ocorrem naturalmente (maior que 0,2 por cento) tiveram um risco
37 por cento menor de morte súbita cardíaca em comparação àqueles com a
concentração mais baixa. Após ajuste para diversos fatores de confusão, essa
foi a única associação estatisticamente significativa.
“Nossos resultados mostram que baixos níveis de
AGTs produzidos industrialmente que encontramos no estudo LURIC não apresentam
risco à saúde e, portanto, podem ser considerados seguros. Também descobrimos
que o ácido trans-palmitoleico está associado a melhores níveis de glicemia
sanguínea e menos mortes por qualquer causa, mas principalmente menor risco de
morte súbita cardíaca”, concluiu Kleber.
FONTE: European Heart Journal e APA
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