O que é lúpus?
O lúpus eritematoso
sistêmico é uma doença que atinge órgãos diversos (dentre eles os rins) e de
formas diversas em cada indivíduo.
O acometimento renal é
frequente em pacientes com lúpus e, em geral, corresponde a uma
glomerulonefrite, que pode apresentar-se das formas mais variadas, indo desde
alterações urinárias mínimas (hematúria e/ou proteinúria pequena) até
insuficiência renal.
Considerando-se que a
nefrite é uma das manifestações de atividade lúpica, devemos estar sempre
atentos para a possibilidade de que venha a agravar-se ou a instalar-se num
paciente que antes não apresentava lesão renal. Para tanto, além das
informações fornecidas pelo paciente e os achados do exame físico, a realização
de exames laboratoriais simples como o exame de urina (“Urina I”) e a
determinação de creatinina no sangue são necessários. Outros exames podem ser
adicionados a estes uma vez constatada a lesão renal.
Essa “nefrite” do lúpus
é classificada pela Organização Mundial de Saúde em 6 tipos e tal classificação
baseia-se nas informações obtidas ao fazermos uma biópsia renal. A biópsia do
rim é um procedimento em que um minúsculo pedaço de tecido renal é retirado
para exame anátomo-patológico.
No lúpus, é importante
fazer esse tipo de biópsia, pois tratamentos diferentes são indicados de acordo
com a classe de nefrite encontrada na análise da biópsia. Ela também serve para
estabelecer se a doença evoluiu para uma fase crônica, na qual não se deve mais
insistir em fazer tratamento imunossupressor. Além disso, dentre outras
aplicações, é muito útil para esclarecer por que motivo um paciente com lúpus
está evoluindo com insuficiência renal.
Sem dúvida um dos pontos
de maior interesse em relação ao problema renal no lúpus é o tratamento. As
drogas mais utilizadas com esse fim são: prednisona (por via oral), azatioprina
(por via oral), metilprednisolona (por via endovenosa) e ciclofosfamida (por
via oral e por via endovenosa). Essas duas últimas medicações são bastante
empregadas sob a forma de “pulsoterapias” por via endovenosa.
A nefrite lúpica que não
é tratada ou que não responde a tratamento pode evoluir para insuficiência
renal crônica. Mas, mesmo quando tratamentos imunossupressores não mais podem
deter esse processo, o paciente dispõe de “tratamento conservador” para
garantir-lhe pelo maior tempo possível a utilização do que lhe resta de função
renal. Cuidados com dieta e controle rigoroso da pressão arterial são medidas
simples que podem lentificar a progressão da doença renal crônica para uma fase
em que a diálise é imprescindível.
Há relatos de que cerca
de 20% dos pacientes com nefrite lúpica evoluem para insuficiência renal
terminal. É bom lembrar, entretanto, que o paciente com lúpus tem uma sobrevida
em diálise e após transplante renal tão boa quanto a de qualquer outro paciente
não-lúpico e raramente apresenta qualquer tipo de atividade da doença (mesmo em
outros órgãos) quando em diálise ou após transplante.
O temor que há algumas décadas
todos tinham diante do acometimento renal já não se justifica em nossos dias,
pois, com a disponibilidade de esquemas de tratamento mais eficientes, a
sobrevida do paciente com lesão renal vem melhorando continuamente.
FONTE: SBN
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