Pesquisa realizada em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto
Alegre apresentou resultados superiores ao último estudo divulgado pelo
Ministério da Saúde.
Hábitos alimentares
inadequados, falta de atividade física e tabagismo estão fazendo o número de
diabéticos aumentar em proporções epidêmicas no Brasil.
Conforme uma nova pesquisa realizada por seis centros acadêmicos, incluindo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), cerca de 20% da população brasileira entre 35 e 74 anos pode estar com a doença. O resultado é muito superior à última pesquisa sobre prevalência do diabetes no Brasil (Pesquisa Vigitel 2013), que indicava um percentual de 6,9%.
Conforme uma nova pesquisa realizada por seis centros acadêmicos, incluindo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), cerca de 20% da população brasileira entre 35 e 74 anos pode estar com a doença. O resultado é muito superior à última pesquisa sobre prevalência do diabetes no Brasil (Pesquisa Vigitel 2013), que indicava um percentual de 6,9%.
Chamado Estudo Longitudinal de Saúde do
Adulto (Elsa-Brasil), o levantamento foi financiado pelo Ministério da Saúde.
Para a diretora de Vigilância de Agravo e de Doenças não Transmissíveis e
Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta, a discrepância nos
resultados se dá pela metodologia utilizada na pesquisa recente: enquanto a
Vigitel identificou apenas pessoas que já haviam recebido o diagnóstico médico,
no Elsa os pacientes com suspeita de diabetes foram submetidos à exames de
sangue para confirmar ou não a doença. Ambos estudos, explica a diretora,
revelam uma realidade preocupante no país:
— O número de diabéticos está crescendo nos últimos oito anos, e todas
nossas pesquisas mostram isso. Atribuímos este crescimento ao aumento da
expectativa de vida, já que frequência da doença aumenta com o avanço da idade,
mas também aos maus hábitos alimentares e ao sedentarismo da população —
esclarece.
Conforme a epidemiologista e autora do
estudo, Maria Inês Schmidt, os exames de sangue realizados nos pacientes também
jogaram luz à importância da prevenção, já que metade dos participantes com
diabetes não sabia ter a doença, e metade daqueles sem diabetes apresentaram
risco para o desenvolvimento da doença em um futuro breve.
A coleta de dados para o estudo ocorreu entre os anos de 2008 e 2010 e
envolveu mais de 15 mil participantes em seis centros de investigação: Belo
Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Vitória. O
resultado da pesquisa, que foi recentemente publicado no Diabetology and the
Metabolic Syndrome (D&MS-2014), periódico oficial da Sociedade Brasileira
de Diabetes, também apontou a necessidade de "manejo dos fatores de
risco", uma vez que a maioria dos entrevistados estava com peso acima do
normal e era sedentário.
Grave problema de saúde pública
Para o pesquisador Bruce Duncan, coautor do
estudo, o diabetes deve ser tratado como um grave problema de saúde pública já
que tira, em média, cinco anos de vida de uma pessoa e favorece o surgimento de
outras enfermidades crônicas como doenças cardiovasculares, insuficiência renal
e cânceres. O especialista acredita que é preciso investir em políticas públicas
para informar a população sobre a doença e as formas de preveni-la. Conforme
pesquisas anteriores, o desconhecimento sobre o diabetes é generalizado entre
os brasileiros.
— Há um plano global e um plano nacional
para fazer esse enfrentamento. As pessoas precisam estar cientes que uma das
questões fundamentais é a alimentação equilibrada, a prática de exercícios e a
eliminação de maus hábitos, como o fumo — alerta.
Conforme Deborah Malta, desde 2011 o governo
tem investido em ações de conscientização, que fazem parte do Plano de Ações
Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis
(DCNT). Entre as iniciativas, a diretora cita acordos feitos com a indústria
para a redução de sal e gordura trans em determinados alimentos, e o incentivo
do consumo de alimentos frescos nas escolas.
— A reversão desse quadro preocupante sobre
obesidade e diabetes num futuro próximo é uma das maiores prioridades para o
enfrentamento da epidemia das doenças crônica que estamos vivendo — resume
Duncan.
Fonte: ZH
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